quarta-feira, 31 de março de 2010

Uma razão para continuar por aí.

segunda-feira, 29 de março de 2010

domingo, 21 de março de 2010

“…Não procure outras pessoas no espelho…”

Todo dia eu faço uma aposta. As pessoas nadam em suas próprias mentiras. Passam por cima do sol para angariar o que lhes é aprazível. E seguem insones. As cabeças cansadas já não cabem mais nos travesseiros de costume. As palpebras pesam à medida dos anos. As pessoas seguem pisando em seus chãos, em seus céus, em seus sóis e em si mesmas. E se martirizam a cada segredo guardado na estante sustentada em madeira e remorso. As pessoas passam a vida tentando ficar impunes enquanto eu almejo apenas ficar imune a todas elas. E quando já não há mais espaço entre madeira e remorso, as pessoas tentam outros travesseiros que abracem generosamente suas cabeças cheias de culpa. E se aproximam umas das outras em busca de perdão, em busca de algo que as leve à redenção. E seguem cegas e insones. À procura de seus travesseiros imaginários. E adoecem envenenadas por seus próprios segredos. Todo dia eu faço uma aposta. Enquanto as pessoas morrem afogadas na piscina de mentiras que cultivam em seus quintais. As cabeças são grandes demais para as fôrmas dos travesseiros vendidos nas lojas. E pesam. Pesam a medida dos anos. E quando estendo a mão a alguém é quase sempre um lapso. Cada aceno em direção ao outro é risco de queda livre. E sempre aceno. E sempre despenco. Mas meu consolo é minha estante. Sustentada em madeira e fé. E meu travesseiro tem a medida de minha cabeça: leve. E ainda assim, todo dia eu faço uma aposta. E todo dia eu perco.
(Maira Viana)


Tive que voltar!

"Quem tem fé no ideal, não se entrega até o final."


sexta-feira, 19 de março de 2010

Eu era bem melhor
mas tudo deu um nó
e a vida se perdeu

segunda-feira, 15 de março de 2010



domingo, 14 de março de 2010

“…Eu insisto em cantar diferente do que ouvi…”




O vento me empurra pra fora do mundo com tanta força que chega a bater as janelas de casa. Mas pareço ficar. Mesmo sabendo que minha existência não fará a menor diferença. À tudo respondo que tanto faz. Escolhas são nocivas. Escolhas sempre chegam acompanhadas de expectativas. E para cada expectativa, uma decepção à altura. As pessoas criam seus infernos particulares à medida dos anos. Alimentam seus bichos interiores, preenchem seus sacos de lixo…até não poder mais. E depois não conseguem se achar em seus próprios espelhos. Parecem figuras alteradas por uma lente de aumento, distorcidas na forma e na cor. Amanhecem transmutadas em monstros de quatro olhos. E não sabem porquê. Nem querem saber. Estão sempre atrasadas. Correndo de lá pra cá. O relógio lhes mantém ocupadas grande parte do dia. A pressa é uma engenhosa invenção da humanidade. As pessoas contam as horas para se distrair do que lhes é irremediável. E me pergunto com freqüência: a quem interessa? a quem o que eu penso interessa? a quem a minha vida interessa? À tudo respondo que tanto faz. Me nego a fazer mais escolhas. Eu sempre erro. E não sei porquê. Nem quero saber. A pressa me acompanha grande parte do dia, o problema é que, à noite, ela adormece e eu não. O vento me empurra pra fora do mundo com tanta força que chega a bater as janelas de casa. Mas, ainda assim, teimo em ficar.
(Maira Viana)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Bibliotecas são locais barulhentos, onde torrentes de idéias eclipsam umas às outras em confusão total. Que adianta as pessoas ficarem caladas, se é tudo como o estouro de balões depois de uma festa de aniversário? Tanta informação, em clima de batalha campal, a agonia da criação, um som universal, e, na outra ponta, o silêncio introverso e culposo.

Livros são, como vinhos, instantes de encantadora felicidade ou de arrasador remorso. Um vício ainda a ser posto a descoberto, apenas porque os viciados poucos são que não conseguem escondê-lo com uma couraça de intelectualidade, que eu traduzo por narcisismo maléfico.

(Filicio Albara)

quinta-feira, 11 de março de 2010

E aí, quais são seus planos?

quarta-feira, 10 de março de 2010

Procura-se.

“…Will all your thoughts fly to me…
….Will all your love bring me home….”

Tudo em mim que verdadeiramente acontece…acontece dentro do meu estômago! Tem dia que ele inverna, tem dia que exala suores! Acho que sou a única pessoa que sente as coisas pelo estômago e não pelo coração! Dentro do meu estômago está escondida a minha vergonha em ser quem sou, o meu medo da morte, a minha vaidade de brinquedo, meus sonhos de papelão, o frisson que sinto entre as pernas, o meu desistir diário, as minhas causas perdidas e tudo o que ainda não escrevi! Hoje estou vivendo um dia tumultuado…não lá fora mas aqui dentro! Não sei o que quero e nem o que me desespera….ou espera! Não estou conseguindo decifrar os suores do meu estomago! Às vezes parece que tudo dói…às vezes parece que tá tudo bem! E, às vezes, só parece…e desaparece! Hoje eu desapareci de mim e estou me procurando por aí! Se alguém, por vias opostas, me alcançar encolhida num canto de bar…me dê noticias de mim…me pegue no colo, me afague e depois me mostre o caminho de volta…de volta à superfície…de volta pra casa…me traga de volta pra dentro de mim…porque eu faço uma falta danada aqui dentro…e eu não sei viver sem todas as partes de mim juntas…mesmo que despedaçadas!

terça-feira, 9 de março de 2010

Ei, psiu.

Ei, psiu, como é que você me vê? Estou tentando descobrir quem eu sou aí fora, aí onde você está. Ei, você! É, você mesmo! Gostaria de saber como é a visão fora de mim, essa visão aí que você tem quando me olha. Custa me dizer? Talvez assim, sabendo como você me vê, eu possa descobrir quem eu sou aqui dentro, aqui onde só vejo você.
Viver não é um pesadelo, pesadelo poderá ser o resultado do viver.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma chance à vida.

Hoje fui à praia pela primeira vez em 54 anos de vida. Antes não me fazia falta conhecer o mar, mas agora que sei que estou próximo da morte senti a necessidade de conhecê-lo. Queria chegar mais perto, mergulhar na água salgada, sentir o gosto do sal, mas não tive coragem. De repente, fiquei com medo das ondas traiçoeiras. Sei que vou morrer, mas ainda não quero ir. O médico que descobriu meu câncer, diagnosticado tardiamente, não me deu mais que seis meses de vida e já estou no quinto mês. Pode parecer que faça pouca diferença para quem já viveu mais de meio século, um mês ou um dia, mas para mim esta diferença é enorme. Aliás, desde que soube da minha doença, o tempo parece passar mais depressa. Nos primeiros dias, ia trabalhar como se nada tivesse acontecido. À noite, afastava a insônia com remédios para dormir. Evitava pensar que tinha um câncer incurável. Mas, aos poucos, fui me rendendo a ele. Quando percebi, estava deitado inerte na minha cama, entregue ao meu destino. Parei de trabalhar, não voltei mais ao hospital para as sessões de quimioterapia e não falava mais com ninguém. Havia desistido da vida. O sofrimento nos olhos da minha mulher e dos meus filhos me transformou em pedra, não queria mais sentir dor, não queria que tivessem pena de mim, queria apenas morrer o mais breve possível. Porém, num dia, sem motivo algum, decidi que iria passar meus últimos meses de vida fazendo só o que tivesse vontade. Desde brincar na chuva sem ninguém interferir a um passeio de avião. Hoje, vim ver o mar. Cresci no interior de Mato Grosso e, embora tivesse acumulado dinheiro suficiente para viajar a qualquer lugar do país, nunca havia dedicado um tempo para mim mesmo a fim de realizar este desejo. Quando era criança pensava em trabalhar para realizar os meus sonhos, quando trabalhava pensava em juntar dinheiro para um dia realizar os meus sonhos e parar de trabalhar, quando juntei dinheiro não parei de trabalhar e não realizei os meus sonhos. Foi preciso me transformar num doente terminal para que me lembrasse de que não havia cumprido os meus planos de criança. Para ser sincero, nem me lembro mais de quais eram os meus sonhos. Nestes últimos meses, também fiz coisas que nunca tive coragem. Uma delas foi dizer a minha mulher que a amava e que não saberia viver sem ela. Descobri que dizer isso a uma mulher não é demonstração de fraqueza e sim um ato de amor. Levei-a para passear e andamos de mãos dadas sem medo de parecermos ridículos. Ao vê-la feliz ao meu lado, percebi que poderia ter feito isso há muito mais tempo. Um simples gesto de carinho havia sido enterrado sob um machismo sem sentido. Numa noite, sentindo falta do seu corpo, mas quase sem forças, pedi que me seduzisse e que tomasse para si o comando do sexo. Descobri que poderia ter tido com ela tudo o que procurara em outras mulheres. De repente, a vida se tornara simples, sem preconceitos, sem julgamentos alheios, sem sentimentos de culpa. Sentia-me feliz e com uma imensa vontade de viver. Uma crueldade do destino estava acontecendo comigo. Agora que a vida se tornara para mim mais fácil de ser vivida, a morte próxima era certa. Queria mais tempo para aproveitar esta minha nova fase, ser verdadeiramente feliz, livre. Mas não me revolto, se a vida se tornara mais fácil, a morte também. Agora que sou feliz, posso partir. Lembro-me de meu pai dizendo pouco antes de morrer: “não me deixam nem lavar a louça; sou um velho que vai morrer e não posso nem lavar a louça.” Descobri a verdade na frase: “É nas pequenas coisas que se encontra a verdadeira felicidade.” Poderia ter descoberto isso a mais tempo e, assim, levaria uma vida melhor. Quanto tempo perdido! Talvez o meu destino fosse este: ter uma vida infeliz e só nos últimos meses descobrir a simplicidade de ser feliz. Mas tenho certeza de que agora estou pronto para partir. Todo mundo deveria ter uma chance desta antes de morrer. Pelo menos, uma chance de ser feliz.

Embriago de Cat Power.

Sad girls with guitars.

Se enamora...

sábado, 6 de março de 2010

Se eu pudesse me resumir, diria que sou irremediável!

Eu caminho, desequilibrado, em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. De ter amigos eu gosto porque preciso de ajuda pra sentir, embora quem se relacione comigo saiba que é por conta-própria e auto-risco. O que tenho de mais obscuro, é o que me ilumina. E a minha lucidez é que é perigosa.

Ter medo de amar não faz ninguém feliz.

Deixa estar que o que for pra ser vigora...

Sou composto por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos.

Eu sei que vou sofrer...

Sabe, enjoei das pessoas.
Não consigo me encantar com mais nada, tudo parece tão monótono.
Fiz questão de me trancar. A única presença de vida mais agitada que vejo, é um inseto que percorre toda a tela do meu monitor.
Estar assim...distante, parece aliviar a dor, a dor de ser diferente, a dor de não saber se realmente possuo amigos, a dor de não saber o que quero do futuro, a dor de não saber o que será o amanhã.
Estas palavras não saem como espirros, muito pelo contrário. Acho que a dor é tanta que o cérebro, em compaixão ao coração, resolveu se trancar também.
Por este motivo finalizo com as seguintes palavras:
"E depois dos dezoito TUDO piora." (Meu pai)

Pranto de Poeta


Não quero mais amar a ninguém
Não fui feliz
O destino não quis
O meu primeiro amor
Morreu como a flor ainda em botão
Deixando espinhos que dilaceram meu coração

Semente de amor, sei que sou, desde nascença
Mas sem ter vida e fulgor, eis minha sentença
Tentei pela primeira vez um sonho vibrar
Foi beijo que nasceu e morreu
Sem se chegar a dar


Em Mangueira, quando morre um poeta todos choram.


– Pensei que nos daríamos bem quando te conheci. Você me pareceu maravilhoso. Entrou na minha vida me prometendo novas experiências, novas sensações e que eu nunca mais me sentiria sozinha. No começo, fui feliz, é verdade; te devo isso. Mas agora tudo mudou. Não posso mais sair de casa, encontrar meus amigos, visitar minha família. Vivo presa por sua causa. Há dias que não durmo, preocupada com você, esperando que me dê notícias. Não agüento mais tanta pressão. Queria poder te esquecer, te botar pra fora da minha casa, da minha vida, mas não consigo. Não tenho forças. Acho que me tornei dependente de você. Se tento ficar longe, sinto sua presença a me chamar. Se tento me distrair com alguma coisa, logo me pego pensando em você. Já pensei até em arrumar outro, mas tenho medo que todos sejam iguais a você. Pra mim, esta situação chegou ao limite. Por isso estou aqui. Vim me despedir. Esta será nossa última conversa.

Terminou de digitar o texto que declamava. No quarto transformado em escritório, apenas uma fresta de luz passava pela janela fechada, o suficiente para iluminar o teclado. Recostou-se na cadeira de couro marrom rasgado, como se esperasse que alguém a dissuadisse. Deixou que se passassem dois minutos, entretanto suas palavras permaneceram na tela como antes. Como se agisse dopada, pegou o revólver que estava sobre a mesa, ao lado do teclado. Ergueu-o pausadamente. Segurando-o com as duas mãos, mirou a tela do computador. Atirou.

– Morri!

Ficou ali, sentada, enquanto olhava a tela estilhaçada.

Em algum lugar do planeta, uma pessoa lia sua mensagem numa sala de chat– um lugar onde as pessoas conversam pelo computador.




"Gosto de dizer que tenho um dragão que mora comigo, embora não seja verdade. Como eu dizia, um dragão jamais pertence a nem mora com alguém. Seja uma pessoa banal igual a mim, seja um unicórnio, salamandra, elfo, sereia ou ogro. Eles não dividem seus hábitos. Ninguém é capaz de compreender um dragão. Quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro) sempre batem a cauda três vezes, como se estivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? Hoje, pondero: talvez seja a sua maneira desajeitada de dizer: que seja doce."

(Caio F.)
Estou explodindo em palavras lapidadas, manifestadas em dores, angustias, fracassos, encontros e desencontros, esperanças, enfim, milhões de sentimentos misturados, costurados em pequenas teias a formar um enorme mosaico de emoções que vai deixando sua marca mais cravada a cada segundo...e tudo isso ao som do bom e velho blues.
00:31hrs
- Insônia, ciúmes, raiva, noites em claro, abraços duradouros, tédio, felicidade, ansiedade, nervosismo, agitação, cafeína, responsabilidade, correria, risadas prolongadas, beijos, afeto, desejar alguém, ser desejado, músicas que enjoam, contas, amigas, amigos, casos e desencontros, mãe, brigas, perfumes, cremes, colchão, cobertor, travesseiros, cachorro, fome, música alta, música ruim, alegria, fumaça, prazer, risadas, desespero, desequilíbrio emocional, euforia, água, sabão, mangueira, banho, 18 anos, velocidade, vento, cheiro de grama cortada, cheiro de terra, cheiro de cocô de cavalo da rua de baixo, batata frita com queijo ralado no onibus, sexy on the beach, vodka, tequila, suco de goiaba, razão, certeza, incerteza, emoçao, coração, caracterização, toque do celular, aquela ligação, o fim, rua, chegada de sms, minha casa, meu quarto, meu computador, meus livros, luz, pijama, noite, claro, escuro, chão, teto, escada, tombos, futuro, carreira, preocupações...insônia.

sexta-feira, 5 de março de 2010


E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ele visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo (...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era.
(Caio Fernando Abreu)

terça-feira, 2 de março de 2010


"Eu quero a sorte de um amor tranqüilo, com sabor de fruta mordida..."
(Todo amor que houver nessa vida)