quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ó tu do meu amor fiel traslado,
Mariposa entre as chamas consumida,
Pois, se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado;

Tu de amante o teu fim hás encontrado,
Essa flama girando apetecida;
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou morro abrasado.

Ambos de firmes anelando chamas,
Tu a vida deixas, eu a morte imploro,
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.

Mas ai! que a diferença entre nós choro,
Pois acabando tu ao fogo que amas,
Eu morro sem chegar à luz que adoro.

(Gregório de Matos, Obra Poética. Ed. de James Amado, Rio de Janeiro, Record, 1990. V.1, p. 425.)


Depois que encontrei esse soneto no meio da apostila, descobri que vale a pena estudar literatura.

0 comentários:

Postar um comentário